Pedreira nasce do sonho de um homem. Um dia, o Cel. João Pedro de Godoy Moreira acordou determinado a transformar a sua fazenda em uma cidade e arregaçou as mangas: loteou os terrenos, fez arruamentos, doou terrenos para a construção da Capela de Sant’Ana, localizada no largo da antiga Estação da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, da Delegacia e da Cadeia, localizadas na Praça Cel. João Pedro, o hospital para o isolamento de doentes de moléstias contagiosas, conhecido como “Hospital de Isolamento” ou “Lazareto”, o cemitério, a escola.
Fez demandas à Comarca de Amparo para a elevação da vila em Município. Encontrou resistências; não desistiu, pelo contrário, insistiu até obter o que queria. Foi a São Paulo, também enfrentou a burocracia. Elevou a vila à Capela Curada, depois à cidade.Fez festa, comemorou e o Bairro dos Pedros transformou-se em Santana de Pedreira, mais tarde, Pedreira.
A Fazenda Grande como era chamada foi dividida na partilha de bens de seu pai, o Tenente Cel. João Pedro de Godoy Moreira em 1864, cabendo a seu filho, João Batista de Godoy Moreira a área conhecida como Fazenda Triunfo, onde até abril de 2007, encontrava-se a casa que pertenceu ao fundador de Pedreira. Após a partilha dos bens, João Batista foi adquirindo as terras que foram herdadas pelos seus irmãos e passou a ser o dono do terreno onde hoje se encontra a praça que tem seu nome e que foi o núcleo originário da cidade.
Após a morte de seu pai, João Batista assume o seu lugar na família e na política local, adotando também o nome de seu pai, Cel. João Pedro de Godoy Moreira e torna-se um dos mais prestigiosos chefes políticos de Amparo. Foi fazendeiro, industrial, negociante, banqueiro e construiu um patrimônio considerável.
Mas também foi várias vezes vereador, Juiz de Paz, Subdelegado. Era maçon, fundando a Maçonaria em Pedreira. Lutou pela estrada de ferro passar em Pedreira e pela emancipação da cidade que ele ajudou a construir.
Descendia de uma família quatrocentona, que se iniciou com a vinda do primeiro patriarca na expedição de Martin Afonso de Souza. Esta família fez parte da história de São Paulo, Mogi das Cruzes, Atibaia e Amparo, onde seu avô já se encontrava instalado como fazendeiro em 1801. Descende, assim, de bandeirantes, fundadores de cidades em São Paulo, Minas e Goiás. Talvez estivesse em seu sangue o empreendedorismo que tanto o caracterizou em vida. Casou-se em primeiras núpcias com Francisca Eugênia Alves Moreira e em segundas núpcias com Virgília Silveira de Arruda, sua sobrinha.
Na atual Praça Cel. João Pedro localizava-se a sede da Fazenda Grande da qual fazia parte a casa conhecida como “Casa do Coronel”, como se pode verificar pelas fotos da antiga rua da estação no início do século XX. A propriedade ocupava quase todo o lado esquerdo da antiga rua, que a estrada de ferro cortava ao meio. Esta região, denominada Fazenda Sant’Ana, havia sido herdada por Joaquim Pedro de Godoy Moreira no inventário de Anna Franco da Cunha. Ao morrer herda a propriedade seu único filho, José Pedro de Arruda de Godoy Moreira, esposo de Virgília Silveira de Arruda de Godoy Moreira, sobrinha e segunda esposa do Cel. João Pedro de Godoy Moreira.
Em 13 de dezembro de 1887, o Cel. João Pedro de Godoy Moreira compra esta propriedade da viúva Maria Luiza de Arruda e de seu sobrinho por 16 contos de réis. De posse deste terreno, mais uma área de 29 hectares e quatro ares, que possuía e que fazia limites com a fazenda comprada, resolve lotear e arruar estas terras e dar início à cidade de Pedreira, que por seu esforço pessoal torna-se Distrito Policial em 1890, Capela Curada em junho de 1892, Distrito de Paz e Freguesia em 22 de dezembro de 1890 e Município em 31 de outubro de 1896.
Nesta época, Pedreira já estava povoada pelos imigrantes italianos que haviam vindo para trabalhar na lavoura do café. Mas muitos deles já eram proprietários de estabelecimentos comerciais e industriais que deram a configuração ao município de uma cidade industrial e moderna, vindo a destacar na industrialização a produção de porcelana que teve seu início em 1914, com a instalação da Fábrica de Louças Santa Rita, dos irmãos Ângelo e Antonio Rizzi, além da Cerâmica Santana em 1941 e a Nadir Figueiredo em 1943, que sobressaem entre as primeiras indústrias do gênero, vindo a seguir dezenas de outras que configuraram o parque industrial da cidade.
O traçado e a extensão da cidade podem ser visto no mapa que está anexo ao inventário do Tenente Cel. João Pedro de Godoy Moreira, pai do fundador da cidade e que está exposto no Museu Histórico e da Porcelana de Pedreira, na Sala da Fundação de Pedreira. Por ele pode-se ter uma noção da extensão e dos limites do povoado na sua origem.
No início da cidade, Pedreira tinha poucas ruas e casas. Em 1889, a cidade contava com 70 habitações. Mas era um povoado bastante dinâmico, possuindo padarias, açougues, ferrarias, casa de negócios para fazendas, gêneros da terra e estrangeiros, ferragens, calçados, armarinhos, etc. Possuía também um hotel, chamado Hotel Galli, com restaurante e que servia de local para a sociedade promover festas e encontros aos domingos.
Em 1889, a cidade sofre uma ampliação de seus limites geográficos e do traçado original da cidade, algumas ruas desapareceram, outras surgiram, muitas mudaram de nome.
Assim, em 2016, 120 anos após a emancipação do município, Pedreira conta com 69 bairros e uma população de mais de 46 mil habitantes.